Uso de IA por estudantes cresce, mas falta orientação
70% dos estudantes usam IA em pesquisas, mas só 32% têm orientação.
Resumo da Notícia
Sete em cada dez estudantes brasileiros do ensino médio usam IA para pesquisas, mas apenas 32% recebem orientação adequada. A pesquisa TIC Educação destaca a falta de instrução sobre o uso seguro e responsável dessas tecnologias nas escolas.

Adoção de Inteligência Artificial nas Escolas Brasileiras
Uso de IA por Estudantes
Sete em cada dez estudantes brasileiros do ensino médio que utilizam a internet recorrem a ferramentas de inteligência artificial (IA) generativa, como o ChatGPT e o Gemini, para realizar pesquisas escolares. Apesar da alta adesão, apenas 32% dos alunos receberam orientação nas escolas sobre o uso seguro e responsável dessas tecnologias.
Esses dados fazem parte da 15ª edição da pesquisa TIC Educação, divulgada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), parte do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). O NIC.br foi criado para implementar projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), órgão responsável pela coordenação e integração dos serviços de internet no país.
Divergência no Uso por Nível de Ensino
Durante a primeira coleta de dados, 37% dos estudantes do ensino fundamental e médio relataram usar ferramentas de IA para buscas de informações. Este percentual chega a 39% entre alunos dos anos finais do ensino fundamental e a 70% no ensino médio.
Daniela Costa, coordenadora do estudo, destaca que "o dado evidencia novas práticas de aprendizagem adotadas pelos adolescentes". Segundo ela, essas ferramentas requerem novas abordagens para lidar com a linguagem, pensar na curadoria de conteúdos e compreender a informação e o conhecimento.
Discussões nas Escolas
As escolas estão se adaptando ao uso crescente de IA e discutindo o tema com os pais. Segundo a pesquisa, 68% dos gestores escolares relataram reuniões com professores e funcionários sobre o uso de tecnologias digitais. Reuniões com pais e responsáveis foram realizadas por 60% dos gestores, com foco em regulamentos sobre o uso de celulares e ferramentas de IA.
A coordenadora do estudo reforça a necessidade de orientar os alunos sobre a integridade da informação e a autoria, além de ensinar como avaliar fontes. Ela alerta que as práticas de busca baseadas em IA trazem novas demandas para as escolas.
Pesquisa TIC Educação
Esta é a primeira vez que a TIC Educação investiga o uso de IA por estudantes em pesquisas escolares. A pesquisa foi realizada entre agosto do ano passado e março deste ano, envolvendo entrevistas com 945 gestores, 864 coordenadores em 1.023 escolas públicas e privadas, além de 1.462 professores e 7.476 alunos de escolas rurais e urbanas em todo o país. Os resultados estão disponíveis no site do levantamento.
Uso de Celulares nas Escolas
A pesquisa foi conduzida enquanto a Lei 15.100, de janeiro deste ano, restringia o uso de dispositivos móveis nas escolas. Em 2023, 28% das instituições proibiam o uso de celulares por alunos, enquanto 64% permitiam em alguns espaços e horários. Em 2024, a proibição subiu para 39% e a permissão em espaços limitados caiu para 56%.
A coordenadora aponta uma tendência de redução no uso de celulares, especialmente nas escolas rurais e municipais. As instituições particulares também vêm diminuindo o uso de tecnologias digitais.
Conectividade nas Escolas
A pesquisa revelou que 96% das escolas possuem acesso à internet, com um aumento significativo nas instituições municipais e rurais. No entanto, persiste a desigualdade no acesso. Enquanto 67% dos alunos em escolas estaduais usam a internet para atividades escolares, na rede municipal, essa proporção é de apenas 27%.
Desafios e Formação Docente
Apesar do aumento na conectividade, a disponibilidade de dispositivos digitais ainda é um desafio, especialmente em escolas rurais e municipais. A pesquisa também revelou uma queda na formação docente em tecnologia digital, com 54% dos professores participando de cursos em 2024, comparado a 65% em 2021.
A coordenadora do estudo ressalta a importância de formação contínua para os professores, permitindo que eles orientem melhor os alunos no uso seguro e crítico das tecnologias digitais.