Comando Vermelho busca drones com câmeras térmicas
Investigação revela que Comando Vermelho queria drones térmicos para vigilância.
Uma investigação da DRE revelou que o Comando Vermelho planejava adquirir drones com câmeras térmicas para melhorar a vigilância contra operações policiais. A descoberta levou a uma megaoperação resultando em 113 prisões e mais de 120 mortes, mas poucos líderes foram capturados.

Investigação revela planos do Comando Vermelho para adquirir drones com câmeras térmicas
Uma investigação conduzida pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) trouxe à tona um plano do Comando Vermelho, reconhecida como a principal facção criminosa do Rio de Janeiro, para adquirir drones equipados com câmeras térmicas. Essa tecnologia avançada tem a capacidade de identificar pessoas em ambientes escuros ou ocultos por vegetação, o que sugere um aprimoramento na vigilância de incursões policiais.
Megaoperação policial e seus resultados
Conforme relatado pelo jornal O Globo, as conversas interceptadas foram fundamentais para a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), que impulsionou uma operação policial de grande escala na última terça-feira (28). A operação culminou em 113 prisões e mais de 120 mortes, incluindo suspeitos e policiais. Contudo, a captura de líderes da organização foi mínima.
Nas mensagens monitoradas, um dos traficantes reconhece a obsolescência de seus equipamentos:
“O meu não é noturno, é câmera normal. A gente precisa ver o térmico.”
Outro traficante responde:
“Temos que nos atualizar com a tecnologia.”
Expansionismo territorial e estratégia
O Complexo da Penha foi identificado como um dos principais centros de operação do Comando Vermelho. Sua localização estratégica, próxima a vias expressas, facilita o transporte de drogas e armas, tornando-se um ponto vital para o grupo. A facção está em processo de expansão, especialmente na zona oeste, com foco na região da Grande Jacarepaguá.
Imagens registradas no início da operação mostraram criminosos fortemente armados, alguns com roupas camufladas, fugindo pela mata.
Estrutura interna do Comando Vermelho
As comunicações interceptadas revelam uma estrutura hierárquica rigorosa no interior da Penha, com escalas de plantão, controle de pagamentos e punições severas. Práticas de tortura e execução são mencionadas com frequência.
O traficante Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca, é identificado como o líder no complexo. Sua residência tinha vigilância constante, feita por seguranças armados. Atualmente, ele se encontra foragido. Juan Breno Malta Ramos, conhecido como BMW, era o responsável pelos "tribunais do tráfico", que aplicavam punições a quem violasse as regras impostas.
Relatos da investigação incluem episódios de violência extrema: uma mulher foi submersa em gelo por brigar em um baile funk e um homem foi arrastado por uma moto após acusação de roubo. Fagner Campos Marinho, o Bafo, apontado como executor das torturas, foi preso durante a operação.
Uso de tecnologia e vigilância
O Comando Vermelho mantém um sistema de câmeras em várias comunidades, usado para monitorar a atividade de rivais e policiais. A aquisição dos drones com câmeras térmicas era parte de um plano para expandir esse sistema de vigilância, aproximando-se das práticas de forças de segurança oficiais.
Para o Ministério Público, as interceptações e os equipamentos apreendidos indicam uma evolução no tráfico no Rio de Janeiro, com um uso crescente de tecnologia, inteligência de monitoramento e estratégias de guerra urbana.
A operação que desmantelou parte dessa estrutura foi o resultado de meses de trabalho conjunto entre a DRE e o MPRJ. Segundo os investigadores, o Comando Vermelho funciona atualmente como uma rede criminosa empresarial, combinando poder militar, disciplina interna e tecnologia avançada para manter seu domínio em territórios socialmente vulneráveis.


