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Economia

Comércio Global Resiste a Tarifas dos EUA e Cresce em 2025

Apesar das tarifas dos EUA, o comércio global cresce em 2025, aponta o índice RWI/ISL.

Redação25/10/2025 18:2520min

O comércio global cresceu em 2025, apesar das tarifas impostas pelos EUA, segundo o índice RWI/ISL. A movimentação de contêineres aumentou, com quedas em alguns portos sendo compensadas por crescimentos em outras regiões. O índice é referência para organizações como a OMC e a OCDE.

Comércio Global Resiste a Tarifas dos EUA e Cresce em 2025

Comércio Global Resiste a Tarifas dos EUA e Cresce em 2025

O comércio global demonstrou resiliência em 2025, mesmo diante das tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Um indicador mensal que monitora 64% do fluxo de contêineres em 90 portos ao redor do mundo mostra que a atividade comercial segue avançando.

Índice RWI/ISL Container Index

O RWI/ISL Container Index, devido à sua alta precisão, é utilizado por organizações como a OMC (Organização Mundial do Comércio) e a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Este índice funciona como um termômetro para o comércio e a atividade econômica global.
Após cinco meses das sobretaxas impostas por Trump a quase todos os países, a movimentação de contêineres continua crescendo significativamente. As quedas na atividade em portos da Costa Oeste dos EUA e do sul da Europa foram compensadas pelo aumento em outras partes do mundo.

Em nível global, os volumes de contêineres atingem novos recordes quase todos os meses, com algumas regiões crescendo muito acima da média", afirma Sönke Maatsch, chefe da área de mercados marítimos da ISL (Instituto de Economia e Logística do Transporte Marítimo), responsável pelo índice.

Desempenho Global e Regional

Houve um crescimento anual de 7% no primeiro trimestre, antecipando as tarifas americanas. Entre abril e julho, o índice manteve um crescimento anual de cerca de 5%. Em agosto, o aumento foi de 2,6% em relação a 2024, mantendo o patamar de julho, graças ao redirecionamento de exportações e mudanças nos padrões de comércio.
A China teve um papel central nesse cenário. Apesar da redução no fluxo de contêineres para os EUA, houve um aumento significativo para o Sudeste Asiático. O movimento total registrou altas em:

  • Maio: 4,9%
  • Junho: 3,7%
  • Julho: 1,9%
  • Agosto: 0,8%

Lívio Ribeiro, pesquisador associado do FGV/Ibre e sócio da BRCG Consultoria, comenta:

A China começou a se preparar para as tarifas dos EUA no ano passado. Ela exporta menos para os Estados Unidos, mas mais para países como Vietnã, Coreia do Sul, Laos, Tailândia e Malásia.

Nos Estados Unidos, houve um redirecionamento dos embarques dos portos da Costa Oeste para a Costa Leste, que lida principalmente com o comércio europeu.
Na Europa, mesmo com a diminuição do fluxo nos portos do sul, o crescimento médio em relação a 2024 foi acima de 5% entre abril e julho, e 2,7% em agosto.

No norte da Europa, os volumes de tráfego aumentaram acentuadamente desde a virada do ano", explica Maatsch.

Na América do Sul, os portos do Brasil, apesar de uma tarifação de 50% por Trump, registraram um crescimento de 8% e 6% em relação a 2024.

É um bom desempenho em relação à média de longo prazo", avalia Maatsch.

Perspectivas Futuras

Apesar da atual resiliência, o cenário futuro pode mudar. Torsten Schmidt, economista do RWI (Instituto Leibniz de Pesquisa Econômica), observa que as tarifas elevadas estão forçando as empresas a reestruturarem suas cadeias de suprimentos.

Os efeitos totais das tarifas sobre os preços ainda não são visíveis. A movimentação de contêineres provavelmente diminuirá no futuro", afirma.

Maatsch acrescenta que, se as tarifas continuarem a longo prazo, mudanças permanentes nos padrões de comércio global são esperadas. Ele destaca a erraticidade da política comercial dos EUA e a intensificação da cooperação internacional, como o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia.
As tensões geopolíticas e as consequências da pandemia também afetam a globalização.

As empresas tentam reduzir sua dependência de longas cadeias de suprimentos ou de certos países. Isso pode levar a um crescimento comercial global mais lento", afirma.

Ribeiro destaca que os impactos das tarifas são demorados devido a contratos de longo prazo. O futuro do comércio global dependerá das reações às crescentes exportações chinesas.
Se houver retaliações à China, como tarifas adicionais, a guerra comercial pode se intensificar.

Há alguns sinais preocupantes, como as tarifas extras aplicadas pela União Europeia aos carros elétricos chineses," conclui.

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