Deputada Carla Zambelli renuncia para evitar cassação
Carla Zambelli renuncia ao cargo de deputada para evitar perda de direitos políticos após condenações judiciais.
Carla Zambelli renunciou ao cargo de deputada federal para evitar a perda de direitos políticos após condenações judiciais e determinação de cassação pelo STF. A decisão é vista como uma tentativa de não ficar inelegível. Figuras políticas comentaram a estratégia durante um evento em São Paulo.

Renúncia de Carla Zambelli para evitar cassação
Contexto da renúncia
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) anunciou sua renúncia ao cargo no domingo, 14 de maio. A medida é vista como uma tentativa de evitar a perda de direitos políticos, após condenações judiciais e prisão. A decisão surgiu após o Supremo Tribunal Federal (STF) já ter determinado sua cassação, mesmo após a Câmara dos Deputados ter mantido seu mandato na última quinta-feira.
Reações de figuras políticas
Durante um evento promovido por movimentos de esquerda na avenida Paulista, em São Paulo, parlamentares e ministros do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentaram a renúncia de Zambelli. O deputado federal Jilmar Tatto (PT) afirmou que a renúncia poderia ser uma estratégia para tentar não ficar inelegível:
Ela ia ser cassada de todo modo. Talvez seja uma estratégia da advogada dela e dela, de eventualmente não ficar inelegível.
A deputada Sâmia Bomfim (PSOL) também manifestou sua opinião sobre a situação:
É uma golpista a menos no caminho. Eu vejo isso como jogar a toalha. Porque, na verdade, ela já está condenada, ela já está inelegível e ela está presa. Talvez tenha sido uma tentativa, não sei, jurídica, de, a partir de uma renúncia, fazer uma contestação da inelegibilidade.
O ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) compartilhou uma visão semelhante:
Acho que foi uma tentativa dela de evitar a perda dos seus direitos políticos. Creio que seja isso. Mas ela tem que perder e tem que ser presa.
Negociações e impacto político
Segundo a Folha de S.Paulo, a renúncia de Zambelli resultou de uma negociação entre o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), aliados políticos, a família da deputada e seus advogados. A decisão busca evitar um impasse entre a Câmara e o STF, enquanto Motta procurava maneiras de se preservar politicamente com governistas, o Supremo e o PL, partido de Zambelli, que possui a maior bancada na Câmara com 85 parlamentares.
Em tom irônico, a deputada Érika Hilton (PSOL) comentou sobre a decisão na avenida Paulista:
A Carla Zambelli teve a condição de ser mais digna do que o presidente da Câmara.
Questão da extradição
O ministro Guilherme Boulos (Secretaria-Geral da Presidência) pediu pela extradição de Zambelli, que está presa na Itália desde julho:
Ela já está presa e já tinha sido tirada no cargo pelo Supremo. A questão agora, no caso da Zambelli, não é nem sobre o mandato, mas sobre a extradição dela para cumprir a pena no Brasil.
Condenações judiciais
Carla Zambelli foi condenada em maio à perda de mandato e a dez anos de prisão por invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em colaboração com o hacker Walter Delgatti Neto. Em agosto, ela recebeu mais uma condenação de cinco anos e três meses por ter sacado e apontado uma arma para um homem na véspera do segundo turno das eleições de 2022. Com cidadania italiana, Zambelli fugiu do Brasil em maio, alegando receio de ser presa.
O STF determinou que Zambelli deve cumprir sua pena no Brasil, e o pedido de extradição será analisado pela Justiça italiana na próxima quinta-feira, 18 de maio. Caso seja extraditada, ela poderá ser levada para a Penitenciária Feminina do Distrito Federal, conhecida como Colmeia.


